Nasceu na Guarda (Portugal) em 1964. Vive e trabalha na Casa da Mó, Amarante.
Licenciado em Artes plásticas – Pintura – pela F. Belas Artes do Porto em 1989.
Exposições individuais (selecção)
2007 – “les derniers nus” Galeria Alvarez, Porto – 2005 – “Les Infortunes de la Vertu”, Casa de las Conchas, Salamanca, Espanha e Galeria de Arte do Teatro Municipal da Guarda – 2004 “Shared Youthful Dreams”, Galeria OM, Penafiel – 2001 “Dualidades”, Galeria Minimal, Porto – 1999 “Los Secretos e outras pinturas”, Galeria do Paço da Cultura, Guarda – 1999 “Los Secretos de Velazqués”, Museu Municipal Amadeo de Sousa Cardoso, Amarante e Galeria Minimal, Porto – 1998 “Triumphus Feminei”, Galeria Minimal, Porto; “Fácies Feminus II”, Sala dos Crúzios, Casa Melo Alvim, Viana do Castelo – 1989 “OM”, Galeria Labirintho, Porto – 1987 “Eres, Dois Anos Sete Meses e Vinte e Três Dias”, Galeria do Arquivo Distrital da Guarda.
Exposições Colectivas (selecção)
2008 – “Os rostos de Cristo” Galeria do Paço da Cultura Guarda – 2007 – ARTELISBOA 07, Feira de Arte Contemporânea, gal. Alvarez, Lisboa – XIV Bienal Internacional de Arte Vila Nova de Cerveira – “IV Bianal Internacional de Gravure, “DOURO 2007”, (artista convidado), Alijó 2006 – “Frans Dille Prijs” Museum Plantin-Moretus/Prentenkabinet, Antuérpia/Bélgica – Expo. Colec. Centro Cultural da Fundação Calouste Gulbenkian, Paris – 2005 –“XIII Bienal Internacional de Arte” Vila Nova de Cerveira – “III Bianal Internacional de Gravure, “DOURO 2003”, (artista convidado), Alijó – “Confrontos, Dessacralização e Vanguarda” Albuquerque Mendes/Júlio Cunha, Museu da Guarda – “EUROP’ART” Gal. OM, Geneve, Suissa – 2004 – “ARTEVENT2004”, Gal. OM, Lille-França – “ARTE-COLOGNE’2004, Gal. Alvarez, Colónia-Alemanha – “Kunst/Arte” Casa da Cultura, Wiesloch-Alemanha – “Alvare’z Horror Art Show” Gal. Alvarez, sala UM, Porto – 2003 – “II Prémio de Arte Erótica”, Gondomar – “ARTE-COLOGNE’2003”, Gal. Alvarez, Colónia-Alemanha – “4º Prémio Amadeo de Souza Cardoso”, Amarante – “XII Bienal Internacional de Arte” de Vila Nova de Cerveira – “II Bienal Internacional de Gravura, “DOURO 2003”, (artista convidado), Alijó – “RSFF”, Gal. Alvarez, sala UM, Porto – “7 (sete) ”, Gal. Alvarez, sala UM, Porto. – 2002 – “FAC’02”, Feira de Arte contemporânea, Gal. Minimal, Lisboa – “ARCO’02”, Feira de Arte Contemporânea, Gal. Minimal, Madrid, Espanha – 2001 – “FAC’01”, Feira de Arte Contemporânea, Gal. Minimal, Lisboa – “XI Bienal Internacional de Arte”, Vila Nova de Cerveira – I Bienal de Gravura do Douro (artista convidado), Alijó – “III Festival de Gravura”, Évora – “ARCO’01”, Feira de Arte Contemporânea, Gal. Minimal, Madrid, Espanha – 2000 – “Mote e Transfigurações”, Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa – “FAC’00”, Feira de Arte Contemporânea, Gal. Minimal, Lisboa – Primo Liceo Artístico Statale, Turim, Itália – “I Bienal Internacional de Gravura/2000”, Amadora – “II Prémio Amadeo de Sousa Cardoso”, Quinta das Cruzadas, Sintra – 1999 – “FAC’99”, Feira de Arte Contemporânea, Gal. Minimal, Lisboa – “Artistas por Timor”, Armazém 7, Lisboa – “II Festival de gravura”, Évora – “II Prémio Amadeo de Sousa Cardoso”, Amarante – 1997 – “IX Bienal Internacional de Arte”, Vila Nova de Cerveira – “I Festival de Gravura”, Évora – 1996 – “II Bienal de Arte da AIP”, Vila da Feira – “V Bienal de Gravura”, Amadora – 1994 – “IV Bienal de Gravura”, Amadora – 1993 – “Prémio Nacional de Pintura Júlio Resende”, Gondomar – 1992 – “III Bienal de Gravura”, Amadora – “VII Bienal Internacional de Arte”, Vila Nova de Cerveira – “Exp. América”, S.Paulo; Rio de Janeiro e Brasília, Brasil –
Bibliografia:
– Bernardo Pinto de Almeida – Confrontos dessacralizações e vanguarda – Museu da Guarda
– Rui Anahory – Shared Youthful Dreams – Galeria OM, Penafiel
– Amaro Gonçalo – Alfa e Ómega (Leonardo – life & death) – ARCO, Madrid
– Maria João Fernandes – Los Secretos de Velazques, Museu Amadeo de Souza Cardoso
– Adriano Basto – Los Secretos de Velazques, Galeria Minimal, Porto
– Lúcia Matos – OM, Galeria Labirintho, Porto
Não é esta a primeira vez, nem será a última, que artistas contemporâneos dialogam, através das respectivas obras, com a realidade histórica, cultural ou cultual da arte do passado.
Na obra de Júlio Cunha, assistimos aos sinais de um entendimento transcendental da história e da arte e das suas práticas.
Se é verdade que, do ponto de vista da sua recepção pública, a qualidade de execução e de elaboração formal das presentes obras de Júlio Cunha tenderá a seduzir muito mais o espectador — pela qualidade das suas cores, texturas, reflexos, domínio material dos elementos e até de rima estética com os elementos do passado presentes em diálogo — é precisamente por isso também que estas obras tendem para reforçar um entendimento estetizador (ou decorativo) da arte, que de algum modo induz o olhar do espectador, precisamente por esse efeito de sedução técnica e formal, a processar uma ideia de continuidade, ou de não-contradição, entre formas históricas de arte que, no seu essencial, são opostas, levando-o assim a uma certa securização relativamente à ideia (e à ideologia) que faz da arte. Diante destas obras, cuja execução técnica e apelo visual é muito sedutor e atractivo no plano da sua elaboração e da sua competência formal, procede-se assim a um comentário visual daquelas obras do passado com que se confronta que em nada as contradiz mas que antes as reelabora através do recurso a materiais de uso de algum modo intemporal ou an-histórico.
Assim por exemplo no emprego de madeiras de grande qualidade, de tecidos pintados, de formas pictóricas que parecem renascer harmoniosamente das antigas, gerando um efeito de sedução que se processa no plano de uma quase intemporalidade, mesmo se com alguma ironia, Júlio Cunha introduz, com subtileza e com inteligência típicas de um olhar pós-moderno, um processo de continuidade e de não-diferenciação que, precisamente por isso, dilui as marcas de uma diferenciação histórica e contextual, abrindo o espaço de contemplação às virtudes de uma execução cuja riqueza de elaboração e de efeitos reforça uma ideia da arte como contínuo imaterial, acima da história e das suas contradições, apelando desse modo a uma certa forma de transcendência da arte e das suas práticas como exercício de pura beleza e conseguimento oficinal.
E assim, e em jeito de conclusão, poderíamos dizer que o artista procura um diálogo ininterrupto com a tradição, cuja grandeza abertamente respeita e tenta glorificar.
Bernardo Pinto de Almeida